Chuva que falta argumento e tal
Falta de argumento
refuta a chuva,
que me molha,
que me olha cabisbaixa.
Tal chuva que discorda
do lirismo do vento,
o tal que é poema pesado, velho.
Falta de argumento
refuta a chuva,
que se enlaça ao mar,
misturando-se, alcança o ápice,
doce e salgado,
dilui o verde e o azul.
E do oceano ao campo,
a chuva leva
pesadas decisões,
argumentos em falta
pra pedir desculpa.
Chuva que banha
pétalas cheirosas de rosas,
folhas sensatas e toda a flora.
Chuva brava que cora
a minha falta de vergonha na cara.
Falta de argumento refuta a chuva.
Uso luva pra não tocar do coração a dor
e nem dali desenraizar o amor.