você que me tem de cor
eu vou continuar procurando
você me conhece, sabe que vou continuar freqüentando
as mesmas desculpas de sempre,
os lugares-comuns das coisas que a gente sente...
eu vou, e você nem vai ficar sabendo...
que fui eu a pessoa a rezar seu sono,
e a continuar benzendo
os seus caminhos
e seus passos, tão mesquinhos...
de tudo que há de mais divino e complascente
dentro de alguém como eu,
um simples ser vivente,
você teve o gesto, genuinamente
- e o manteve em suspense.
você nem vai querer saber de mim...
dos meus copos vazios e cinzeiros transbordantes
que ainda jazz um resto torturante
reincidente;
ainda resta um resto
pro santo
que afasta as usuras dos levianos
e faz entoar esse canto, alucinante
que acorda as ruas;
esse grito abafado, as mãos contra o próprio peito
- espalmado!
a escoar pela garganta
seca, rouca, delirante
o gosto amargo
de nossas bocas militante,
o gosto entrevado!
de cigarro esquecido
no cinzeiro,
apagado.
todas essas coisas,
tantas coisas...
que você nem vai querer saber
permanecerão inertes,
saturadas,
até um novo dia amanhecer
dentro de mim.