Porém

Verte-me, janela imensa, intensa,

Me apoio e olho, verde e além.

Vivo, porém.

Verte-me, volupia latente,

Invejo a boca que mente.

Sente, porém.

Verte-me, enigma, estigma,

Deixa em mim sua marca.

Parca, porém.

Verte-me, o que é teu; meu,

Preenche de sentimento.

Lento, porém.

Verte-me, o pranto, o canto,

Antes isso ao nada.

Tarda, porém.

E na vertente do sussuro,

Vazio, profundo e escuro,

Tarda ao vivo que sente,

lenta e parcamente,

Omitir de todos o porém,

além e aquém de tudo,

Fingir-se de mudo,

Sem se calar.