O Nada
Vieram uns
E se apoderaram
Dos meus pensamentos
E eu fiquei
Retida na
Incompreensibilidade
Do nada...
Pensamentos ricocheteavam
Submersos, desconexos
E nem por isso a
Tarde não passava,
A cena não mudava
O tempo não parava,
E a angústia inquietava-se
Dilacerando os espaços
Com as mãos.
Por que as palavras
Não existiam
Hirtas de dor e medo,
Pavor, e depois tédio.
Emudecendo a razão.
Solta que estava,
à deriva, à solidão.
Busquei a mim por tempos...
Descobi-me aos poucos
Pós-entorpecimento
Pós-aniquilamento.
Adormeci/acordei.
Um sono longo,
Sem sonhos
O sonho do nada,
Da escuridão,
Da noite que ia e vinha,
O dia
Que eu nem percebia
E de novo um
Ritual se repetia.
Palavras perdidas
Retidas na incompletude
De milhões de frases
Repetidas.
Palavras mal ditas
Sem respostas
E alívio.
Submergi do caos,
Mas muito lentamente:
Trôpega, cega.
Levou muito tempo para o
Entendimento.
Mas vi de novo
Todas as cores
Dos pássaros...
Continuo espargindo as cinzas
E me colocando INTEIRA.