O Nada

Vieram uns

E se apoderaram

Dos meus pensamentos

E eu fiquei

Retida na

Incompreensibilidade

Do nada...

Pensamentos ricocheteavam

Submersos, desconexos

E nem por isso a

Tarde não passava,

A cena não mudava

O tempo não parava,

E a angústia inquietava-se

Dilacerando os espaços

Com as mãos.

Por que as palavras

Não existiam

Hirtas de dor e medo,

Pavor, e depois tédio.

Emudecendo a razão.

Solta que estava,

à deriva, à solidão.

Busquei a mim por tempos...

Descobi-me aos poucos

Pós-entorpecimento

Pós-aniquilamento.

Adormeci/acordei.

Um sono longo,

Sem sonhos

O sonho do nada,

Da escuridão,

Da noite que ia e vinha,

O dia

Que eu nem percebia

E de novo um

Ritual se repetia.

Palavras perdidas

Retidas na incompletude

De milhões de frases

Repetidas.

Palavras mal ditas

Sem respostas

E alívio.

Submergi do caos,

Mas muito lentamente:

Trôpega, cega.

Levou muito tempo para o

Entendimento.

Mas vi de novo

Todas as cores

Dos pássaros...

Continuo espargindo as cinzas

E me colocando INTEIRA.

Lenir Castro
Enviado por Lenir Castro em 03/09/2008
Reeditado em 03/09/2008
Código do texto: T1159735
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