Desassossego
Minhas lágrimas estão envoltas
num desassossego sem fim
uma emoção escondida nas sombras
afônica, descontente, solta em mim...
Angústia que se agiganta no peito
e se torna resistente
Um padecimento nebuloso
dentro de um olhar silente
Em mim criam-se redemoinhos
de sensações desencontradas
As palavras desviam o rumo
e seguem por outras estradas
Ou se perdem, simplesmente,
em algum lugar na garganta
Não consigo expressar o que sinto
vivo a vagar em oceano de pranto
E nesse ranger de dentes aflitos
Deito fora as máscaras da dor
Enquanto os meus passos indecisos
Marcam a ausência de um antigo amor
Nesse torpor incontido e sombrio
O pensamento vagueia
entre os escombros
em ritmo lento
E a alma perturbada e deserta
atira-se mar adentro
Âncora submersa
em águas frias e revoltas
E nesse vertiginoso afogamento
Entre vagas e pecados
Não há tempo, nem espaço, nem nada...