Uma cidade

Um risco, um buraco.

Riscaram minha cidade,

esburacaram o subsolo e

na superfície um vulto vagueia...

Vagueia preso no derramado

sangue de um colonizador

vítima da própria dor.

Na escola o professor dita

o livro da leitura em ficha.

Na fabrica o obreiro sonha em

ser patrão.

No sindicato a válvula de

tempo em tempo ecoa.

No hospital a clínica enxerga

nos olhos cifrões.

Na prefeitura a máquina

mantém o vulto represado.

E eu sigo assim meio doido.