MANHÃS DE ONTEM

O mundo precisa do novo

da nova notícia...

da ardência da novidade.

Alguns velhos choram

lendo o jornal

do fim da tarde...

só os velhos compreendem

uma folha de jornal velho.

Idade de lamúrias

de murmúrios

de maus tratos da memória.

Rugas na pele...

cada cicatriz é uma estrada

pela qual a vida passou.

Fragmentos porosos, poluidos

de lembranças epiteliais.

Os olhos ainda não fecharam

e portanto choveram lágrimas.

Ouvem-se suspiros...espirros...

as portas e janelas sofrem

estilhaços de vento.

As janelas choram ferrugens.

Ah, as ferrugens...

quase minhas

quase manhas...

manhãs de ontem à noite.

Zilka Jacques
Enviado por Zilka Jacques em 02/09/2008
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