MANHÃS DE ONTEM
O mundo precisa do novo
da nova notícia...
da ardência da novidade.
Alguns velhos choram
lendo o jornal
do fim da tarde...
só os velhos compreendem
uma folha de jornal velho.
Idade de lamúrias
de murmúrios
de maus tratos da memória.
Rugas na pele...
cada cicatriz é uma estrada
pela qual a vida passou.
Fragmentos porosos, poluidos
de lembranças epiteliais.
Os olhos ainda não fecharam
e portanto choveram lágrimas.
Ouvem-se suspiros...espirros...
as portas e janelas sofrem
estilhaços de vento.
As janelas choram ferrugens.
Ah, as ferrugens...
quase minhas
quase manhas...
manhãs de ontem à noite.