Contra por amor

Não.

Eu não quero bombardear o mundo;

apenas lutar contra as forças do universo

que lançam ferro e fogo de frustrações e executam, um a um,

os meus ídolos construídos.

A cada descoberta, a cada avanço,

desmorona-se um totem de mosaico sobre o qual caminho

desde minha compreensão.

Porque há de ser assim é resposta que não alcanço.

Vejo-me inerte e por pouco não me prostro

diante da passividade provocada pela mesmice de um verso.

Penso que não pretendo explodir o universo

mas manter minha luta

contra suas forças de extermínio, avassaladoras.

Há que alguém abrir o peito, enfrentar as flechas

e enfrentar o fogo

e enfrentar a ira do mundo

– cada vez mais insano e prepotente – enquanto o homem,

indefeso e impotente diante de suas derrotas assustadoras

se acomoda e se aquieta sequer sem gemer,

sem saber ter, sem temer.

Não.

Eu quero, sim, lutar contra o mundo e bombardear o universo

ainda que sem armas, mas com a flecha, o ferro e o fogo

de cada verso.

Filhos, sem quis tê-los, muitos,

mas me apavora a idéia de criar mais vítimas

para o holocausto universal sem guerras e sem bombas,

sem paz, sem pombas.

Os mitos, meus ídolos, caem a cada nova descoberta

de como caminha a para onde vai este presente sem futuro definido.

Assim, nada mais atraente que buscar na força extra

de um impulso apaixonante

se não a certeza, ao menos a idéia de seguir adiante,

lutando, bombardeando, quem sabe até amando.

Acabar a terra, recomeçar a guerra a cada dia não é a solução,

é apenas um caminho.

Sem os velhos ídolos, crio novas trilhas de passagem,

sem saber para onde vou, embora saiba que vou, sempre,

ainda que sozinho,

em busca da purificação do amor sonhado.

Sem ferro, sem fogo,

apenas bombardeando o mundo antes que meu último totem

tenha tombado.

Elber Suzano
Enviado por Elber Suzano em 01/09/2008
Código do texto: T1157336
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