Hoje... Teatro



Não há parede, nem rumo... Não há corrente, nem vidraça...
Tudo, hoje, virou prumo... Sem querer a vida estilhaça.
Não há diálogo eloqüente... Não há gritos de infortunio...
Tudo, hoje, virou sumo... Sem querer o caminho é oportuno.

Apresentei-me ao destino... Disse coisas que não digo...
Falei em tom claro... Abri as portas... Redisse o dito.
Não há, nesse mundo, que ao chão  tenha sido jogado.
Um amor plantado em palavras... Tão fiel... Tão delicado.

Porque não há outro jeito... Nem as estrelas jogadas aos pés...
Nem o barco jogado ao rochedo... Foi tão lindo e tão verdadeiro.
Nada disso será tolerado... Tudo isso será meu lamento.

Vontades guardadas, no peito... Lembranças nas caixas em laços,
Serão o fôlego, de futuros não cridos....
Em disparada, pelos campos do mundo...
Não buscarei mais flores... Nem brisa... À pena, apenas, teatro!
Hoje, o choro marcará a noite, grudada aos joelhos a poetisa.


16:31