Descaminhos
“Os meus descaminhos estão semeados.
Certamente, ainda colherei
Os melhores frutos e as minhas flores.”
(Dôra Leal, in “Caminhos”, Recanto
das Letras, T7071180, 23/10/2007)
Preciso semear meus descaminhos
Com urgência. Dar um basta nos pecadinhos
Da carne. Conversar grave e solenemente
Com as madames, de noite ou de dia,
Porque a minha luxúria de hoje, infelizmente,
Agora recebe o nome de ousadia!
Preciso semear meus descaminhos
Com urgência. Fiz meus ninhos
De amor em estranhos corações;
E descobri, embora tardiamente,
Que não se molham, mas secam as emoções,
Se chovem desamores em chão inclemente.
Preciso semear meus descaminhos
Com urgência. Aprender que são vizinhos
O blá-blá-blá das bocas ( ou de teclas?)
E a crua indiferença. O desengano me remete
Ao inferno virtual onde há sempre trevas.
Um romântico se desencontra na Internet!...
Não posso deixar que na minha terra pura,
Mãos inábeis murchem a minha flor-ternura!
Mas, preciso das sementes da calma e da leveza
Para semear nos meus descaminhos...
E se neles nascerem versos em flores, com certeza,
Meus descaminhos voltarão a ser caminhos!...