Descaminhos

“Os meus descaminhos estão semeados.

Certamente, ainda colherei

Os melhores frutos e as minhas flores.”

(Dôra Leal, in “Caminhos”, Recanto

das Letras, T7071180, 23/10/2007)

Preciso semear meus descaminhos

Com urgência. Dar um basta nos pecadinhos

Da carne. Conversar grave e solenemente

Com as madames, de noite ou de dia,

Porque a minha luxúria de hoje, infelizmente,

Agora recebe o nome de ousadia!

Preciso semear meus descaminhos

Com urgência. Fiz meus ninhos

De amor em estranhos corações;

E descobri, embora tardiamente,

Que não se molham, mas secam as emoções,

Se chovem desamores em chão inclemente.

Preciso semear meus descaminhos

Com urgência. Aprender que são vizinhos

O blá-blá-blá das bocas ( ou de teclas?)

E a crua indiferença. O desengano me remete

Ao inferno virtual onde há sempre trevas.

Um romântico se desencontra na Internet!...

Não posso deixar que na minha terra pura,

Mãos inábeis murchem a minha flor-ternura!

Mas, preciso das sementes da calma e da leveza

Para semear nos meus descaminhos...

E se neles nascerem versos em flores, com certeza,

Meus descaminhos voltarão a ser caminhos!...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 01/09/2008
Reeditado em 15/11/2008
Código do texto: T1155985
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