Graal (à mulher que passa)

Graal

(à mulher que passa)

Você passa

e a fragrância do teu ser

me trespassa.

Passa você, tudo passa

e passando por todo sempre,

musa de instante,

permanentemente fica

na essência do eu

e dói ainda,

e cura,

pacifica.

Mas passa, e bem passado

escancara todas as dobras da alma,

se me revela o encanto

de tudo quanto jamais imagino.

Por um instante,

o todo pulsa, plenificador

e a dor se instala.

Faz surgir, brotar do mais íntimo recanto

ar,

a cada respiro seu.

E no processo do vir a ser,

sobe o ar e ao passar

pela entreaberta boca,

pelo atônito espírito,

sai gemido,

pungente,

sentido, sem ti - dó.

Sentido do que tenho sentido;

passa você e extático eu fico

minha alma te segue por onde já não mais estás

e eu ficando

com o que fica de você

em mim.

Tanto por dizer que me calo.

Se tudo em si, se tudo em mim é extâse

não o falo.

Quedo-me inerte

Silencio.

Contundente e incisivo silêncio.

Silêncio de mil megatons,

o peito lacerado, cratera aberta,

por onde sai a dor de não te ser,

também entra te perceber e reconhecer amor.

Tudo quanto é, existe e se esvai

e indo, embora, num crescendo,

se retrai.

Sem nunca jamais ter ido,

encarnação da beleza e da graça,

vem você e passa, e fica,

pacifica doura,

a cura

(pedro antônio)

pedro antônio
Enviado por pedro antônio em 24/02/2006
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