Canto de Aisha
Ah! Se meu canto fosse ouvido,
tão bom seria, viveria muito,
todos os sonhos, todos os romances,
e mais, tudo que as aventuras me trariam,
dançaria meu canto entre tormentas e calmarias,
que um dia rejeitei
sem pensar que a mim rejeitaria...
Ah! Se meu canto fosse ouvido,
juro, cantaria alto,
daria graça aos compassos,
criaria novas melodias
e as vestiria de novos arranjos,
e solfejaria em harmonia com mesmo
tempo que abarca meu espaço.
Ah! Se em meu canto pudesse
então encontrar guarida,
se fosse em mim mesma o manto da noite
ou a brisa do dia, tão bom seria entoar
meu canto se ao menos um entre tantos
acolhesse os encantos onde imantados,
minh'alma em sol se entregaria...
E assim canto, canto a espera de ser ouvida,
canto a nobreza da noite que dá lugar ao dia,
canto as tormentas de um amor nunca enamorado,
canto e cantando me faço viva,
refrão do que fui, presente de um passado
onde em sombras, apenas o canto que trago,
diz de mim o que nunca foi anunciado.