Trajeto
Meu olhar segue duro e indiferente,
Fugindo eternamente da cortante dor de existir.
Meu olhar segue reto, sem enxergar o caos,
Nada mais me toca, nem me faz parar.
O sol fervente e impiedoso frita os pedestres,
Frita os adolescentes que queimam erva na esquina,
Largando litros de vinho pelos bancos das praças.
Meu olhar segue turvo dentro da poluição,
Enquanto o vento vela pelas putas e mendigos.
Meu olhar segue em sua escuridão e desamparo,
Segue refém do azedume e do desencanto,
Segue insone e fatigado na busca de sentido,
Segue seu trajeto de agruras nesse mundo vil.
Thiago Cardoso Sepriano