Trajeto

Meu olhar segue duro e indiferente,

Fugindo eternamente da cortante dor de existir.

Meu olhar segue reto, sem enxergar o caos,

Nada mais me toca, nem me faz parar.

O sol fervente e impiedoso frita os pedestres,

Frita os adolescentes que queimam erva na esquina,

Largando litros de vinho pelos bancos das praças.

Meu olhar segue turvo dentro da poluição,

Enquanto o vento vela pelas putas e mendigos.

Meu olhar segue em sua escuridão e desamparo,

Segue refém do azedume e do desencanto,

Segue insone e fatigado na busca de sentido,

Segue seu trajeto de agruras nesse mundo vil.

Thiago Cardoso Sepriano

ThiagoCardosoSepriano
Enviado por ThiagoCardosoSepriano em 31/08/2008
Reeditado em 25/02/2009
Código do texto: T1155256
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