A HORA SEM LIMITE (1)

dentro de ti há um ser vivo,

inconsciente, irrequieto, moderado,

que faz deste momento uma só solenidade.

teus olhos,

num tom de paz-quietude,

pedem clemência e calma

para que a espiritualidade tome a forma

de união também dos corpos.

dentro de ti há um ser vivo,

inconsciente, irrequieto, moderado,

que faz deste momento uma só solenidade.

teu corpo,

num tom de querer mais-e-mais,

não nos exige atletismos,

nem pudores

da mulher que mora em ti

completa e cheia de articulações

das palavras, aparentemente, fáceis.

tua alma,

num tom de paixão-desavergonhada,

pede, sem constrangimento,

tudo por mim

imaginado

ao sentir tanto entrar-sair-e-voltar-a-ficar

no corpo consumido, sem lingerie.

dentro de ti há um ser vivo,

inconsciente, irrequieto, moderado,

que faz desse momento uma só solenidade.

no interior caipira,

num tom de amor-a-primeira-visita,

há apenas um ser vivo

incomodado pelas sombras siamesas

num quarto de luz crescente

pela penumbra acesa.