Senta Aqui
Senta Aqui
Senta calmamente e abre o teu livro,
Conta as poucas palavras que o teu coração resume,
Mostra as sílabas do azedume, no meio do teu segredo,
Abre a alma e descalça o medo,
Sentado na escada da minha porta,
Dita as tuas condições do aceitar derrota,
Ou pára tão só, a estratégia da jogada,
Nos sons baixos que te saem da boca cerrada!
Senta aqui e escolhe só o silêncio,
Não dês razão ao que vês, ou ao que te diz o vento,
Fica só por perto, para sentir que não sou só,
E que nem tudo é deserto e pó!
Mostra a vontade que me deixa no meio do sal,
E o caminho que se perde no lavar das ondas no areal,
Perde-se o meu nome no alisar do terreno,
Perde-se a vida, e lá dentro fico sereno!
Senta aqui e mostra a escuridão do abismo,
Mostra as mãos e o olhar vazio,
Tuas fotos de outro mundo, que agora é lixo,
Senta-te aqui e deixa-me falar contigo,
Ou conta-me tuas histórias que publicaste em livro,
Declama os teus versos que atiras tipo flecha,
Para um alvo invisível que só nos mostra promessas,
Senta aqui, fica comigo, e nada me peças!
Nenúfar 30/8/2008