Aquela Pureza!
Hoje ao pegar-me pensativo,
Num divagar morno e passivo.
Senti toda aquela nossa pureza,
De uma noite embebida em uva.
Lembrei-me das curvas de rio,
De algum gesto mais pra frio.
Retrogrado e inconstante eu,
Meus caminhos e em tudo que deu.
Um filete salobro razou-me a pálpebra,
Com todo o ardor dos dias que se foram.
Fui ao longe e voltei para agora,
Senti sobre tudo que já pus fora.
Olhei a porta desta minha vida torta,
Achei-me em uma alma quase morta.
Imortal? Imoral? –Não!
Inerentemente casual...
Sou a água que escoa das montanhas,
Sem prever da vida as artimanhas.
Sou o resquício das grandes borrascas,
Que assolam os campos de margaridas.
Sonhei por uns momentos,
O frêmito me fez tormentos.
Sorri o futuro sobre os cacos de um muro,
Rasguei as tolas cartas onde o amor juro.
Pus-me ao entorpecer daquela pureza,
Cambaleando meus desejos sob a lua.
Encontrei o céu dentre aquela pureza,
Voei ao sul dissimulando uma vida nua.
Aos primeiros brilhos do alvorecer,
O gosto travento dos devaneios torna.
Os olhos semi-fechados de camoecer,
Devolvem-me à minha caminhada morna.
L’(Max) – 19.01.2007