sete saias de marfim

Mulheres alumiam-se saltando as válvulas dos quartos

Nos lagos

Cornecopias roxas demorando-se na espuma

Desarrumam-se os olhos

Para comprar as escarpas verdes do vento

Cadeiras adormecendo

Artesões pintando esplanadas de espuma

Elas corriam pelas ruas

Com os jornais metidos na voz

E o cetim dos ombros derramando-se pelas estátuas

Eram breves

Pálidas

Afastando as luas

Para colherem o bronze das nuvens

Tinham a barriga escavada pelas ondas

E os dedos recortados

Sobre uma inocência de veludo

Retocavam as queimaduras dos relógios

Penteavam as ramagens de porcelana

Segurando lamparinas

Caminhavam

Desprendendo lágrimas de verdete

Sobre traves compridas

Com sete saias de marfim respirando a brisa

As casas envelheciam

E elas reconstruíam-se nos charcos de esferovite

Pulsando a beleza acrílica das canoas

in malmequeres os lábios molhados

Cláudia Borges

Cláudia Borges
Enviado por Cláudia Borges em 27/08/2008
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