PRAÇA CURITIBANA

Na Praça Rui Barbosa,

Uma pombinha pitoca,

Ganha duma moça prosa

Um punhado de pipoca.

Um velhinho sanfoneiro

Toca... mas não toca nada.

A mesma coisa o dia inteiro

Na gaita desafinada.

Na frente duma banca

Sempre tem um pessoal,

Que faz a maior panca,

Pra ler de graça o jornal.

Num tubo bem grandão

Não tem pasta de dente.

Dentro dele, o povão,

Fala mal do presidente.

Uma guria bem magrinha,

Sempre no mesmo horário,

C’uma saia bem curtinha

Tenta enganar um otário.

Mais adiante uma cigana,

Toda cheia de razão,

Em troca duma grana

Diz que sabe ler a mão.

Vai passando um turista –

Atrás dele, uma galera!

Também passa um punguista,

E uma bolsa já era...

E lá vem um tipo encalorado

Empurrando uma bicicleta;

De cueca, quase pelado,

Fazendo pose de atleta!

Uma mulher vende figurinha.

Quando fala, quase chora.

Falta leite pra filhinha...

Pelo amor de Deus, implora.

Dentro dum carro amarelo

Um policial bem-alinhado

Cuida, com orgulho e anelo,

O que lhe foi confiado.

Uma senhora distraída

Na frente do ônibus, passa.

Quase que perde a vida!

Quase mais uma desgraça!

Uma fulana fura a fila...

Querem furar o seu olho!

Mas ela segue,tranqüila,

Co’a cabeça de repolho.

Tem gente que vem,

Tem gente que vai,

Tem gente, também,

Que entra e que sai.

Tem até um alvoroço

Que não era previsto:

De vestido, um moço,

Afirma que é um cristo.

Quanta coisa acontece e se passa

Num dia... numa semana!

Nessa antiga e moderna praça

Que é a mais curitibana!!!

Vadevino Rodrigues
Enviado por Vadevino Rodrigues em 27/08/2008
Código do texto: T1148383
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