EMBRIAGUEZ  O2

                   "há que fazer calar-se os cães enquanto florescem
                   os roseirais.." (Youssef Rzouga)


    (intertexto com o poema FRAGMENTOS POÉTICOS do poeta YOUSSEF RZOUGA, de TÚNEZ (Tunísia)



                "Viver para sonhar,
                  é sonhar para viver,
                 ébrio de O2.
             
                Viver para sonhar
                é sonhar para rejuntar
               ao último grito de um corvo,
              o primeiro grito estridente de Adão.

              Viver para sonhar
              é sonhar para rimar todo
              esse mundo louco
              como o  absurdo sorriso
              de Gioconda...
 
             Viver para sonhar
             é sonhar em simbioses,
            com os dias que virão.

            O que quero
            é que chova cada vez mais,
            que os verdadeiros artífices (inventores) 
            invadam a terra!" (Youssef Rouga)


Respiro a pedra do meu sonho,
minha pedra me respira,
me embriaga, me lanha,
tento aprisionar nas mãos
de Miguel Angelo 
o eco do incontido grito de Trimegistus
na Sixtina,
atravessar pela fresta da porta
do sorriso de Gioconda,
mas, o bisão na Caverna de Altamira
revela-me, denuncia-me!
Ainda sonho nesta pedra do meu travesseiro,
sonho nessas iluminuras que te escrevo,
arrepiam-me os corvos
e o aço das metalúrgicas
sob os beirais 
dos olhos do incandescente 
dos meus ossos,
meus ossos estão acesos pelas cordilheiras,
escrevo no vermelho do meu sangue
o verde do teu nome,
ainda sonho,
as nuvens entreabrem as corolas,
o vento espiga as marolas do mar,
a chuva é uma alegria que chora,
o oleduto sangra a alma dos peixes,
a terra perde a carnadura,
da vala ainda agora alguém subiu no azul ...

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