Àquela que liberta
Extraiu da aspereza
Da quase não-palavra
Uma fragilidade que só se deu a conhecer
Depois de tantos rés, dós e sóis
De acorde em acorde
Despiu-a da fala grosseira
Do tom ríspido
E viu que no canto da alcova
Havia um vale de luz e lágrima
Uma alma que tinha de respirar
Ela soube abrir as janelas discretas
Daquele peito arredio
Aquela estrela nunca mais haveria de definhar
Porque havia uma escala terna e suave
Que aquecia seu canto esquecido
Há ,nessa estrela - que agora fala-
Uma gratidão insondável
Pelas tantas vezes que foi salva e compreendida
Pela tua música- um bem maior-
E por tua singularidade
Que fervilha
Enternece
Acolhe
Pouco na vida atinge tanto meu retalho primeiro
Aquele puro e bruto
Mas o teu poder de me fazer mostrar
É inalterável
Saiba, querida
És dona da clave mais clara
Que alumia não só o meu ser
Mas o vazio dos meus corredores falidos
Somos esse muro inatingível e largo
De música e amor
((A minha querida Pu, musicista e poetisa de noites tantas.
Amor sempre))