Àquela que liberta

Extraiu da aspereza

Da quase não-palavra

Uma fragilidade que só se deu a conhecer

Depois de tantos rés, dós e sóis

De acorde em acorde

Despiu-a da fala grosseira

Do tom ríspido

E viu que no canto da alcova

Havia um vale de luz e lágrima

Uma alma que tinha de respirar

Ela soube abrir as janelas discretas

Daquele peito arredio

Aquela estrela nunca mais haveria de definhar

Porque havia uma escala terna e suave

Que aquecia seu canto esquecido

Há ,nessa estrela - que agora fala-

Uma gratidão insondável

Pelas tantas vezes que foi salva e compreendida

Pela tua música- um bem maior-

E por tua singularidade

Que fervilha

Enternece

Acolhe

Pouco na vida atinge tanto meu retalho primeiro

Aquele puro e bruto

Mas o teu poder de me fazer mostrar

É inalterável

Saiba, querida

És dona da clave mais clara

Que alumia não só o meu ser

Mas o vazio dos meus corredores falidos

Somos esse muro inatingível e largo

De música e amor

((A minha querida Pu, musicista e poetisa de noites tantas.

Amor sempre))

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 26/08/2008
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