Duas
Partida em mim
Em duas metades
Em dois princípios
Um sólido, por ter sido o que não desejei
A lamentar o que não fui
A remediar meus desejos de ser
Outro fluido
Se regenerando como pode
Administrando o tempo que tem
Contorcendo-se entre as obrigações da vida que possui
E as tentativas de viver o que ainda pode ser
O que vale nesse tempo em que aqui estou?
Fazer o que me dá na cabeça,
Pesar o meu pensar...
Agir ambientalmente ou somente para mim, nesse instante em que existo...
Mas não vivo só, dei passagem a uma vida que hoje depende de mim
E eu dependo de outros, e outras coisas que não me pertence
E a que pertenço? A mim? Ao outro? Ao mundo?
Venho conflituosa caminhar sob as árvores e relembrar o que sou
O tempo não passa tão rápido
Eu que o vejo assim, e a vida torna-se lenta então
É só percebê-la da forma que convir que será o que se deseja
Então, o que desejas?
20.06.08