ÁRVORE
Tenho corpo robusto
rijo e cascudo
ergo-me em altura
lentamente
centímetro a centímetro
sem pressas, sem destino
o céu, o horizonte são o limite.
Recebo da natureza seus elementos
com que alimentam minha seiva
e floresço em flor em fruto, em braços
em simples folha verde muito verde.
Agradeço ao vento que me faz baloiçar
dançando para lá e para cá
arejando meus braços,
prisioneira da terra mãe
ali me sustento
e da chuva celestial
mato minha sede,
ao sol amigo, dá-me cor
faz-me brilhar
amar e ser amada,
da lua feiticeira
adormeço e sonho.
Sou majestosa
morro de pé
mas enquanto viva
abraço muita vida
passarinhos e seus ninhos,
vários insectos,
e da minha sombra
resguardo humanos
cansados, velhinhos
doces e inocentes enamorados
soninho de meninos
e por momentos, poucos que sejam
alívio aos mais apressados.
Dizem que sou parada
que não faço nada
mas depois de tanta agitação
digam lá, ou não
senão sou precisa.
Posso ser gorda
acarrancada
nua e desolada
forte em meu esplendor
alimento, fruto e flor
posso ser recente
nova, velha, centenária.
Testemunho a vida a nascer
crescer e morrer
ultrapassando gerações
e se houvesse homens de bons corações
fogo não me largavam
à construção desenfreada me poupavam
ao abate não me condenavam.
Meu Seus, só agora entendo
ao sonhar acordada
e na pele de uma arvore
que sem elas
não somos nada!
Alexa