ÁRVORE

Tenho corpo robusto

rijo e cascudo

ergo-me em altura

lentamente

centímetro a centímetro

sem pressas, sem destino

o céu, o horizonte são o limite.

Recebo da natureza seus elementos

com que alimentam minha seiva

e floresço em flor em fruto, em braços

em simples folha verde muito verde.

Agradeço ao vento que me faz baloiçar

dançando para lá e para cá

arejando meus braços,

prisioneira da terra mãe

ali me sustento

e da chuva celestial

mato minha sede,

ao sol amigo, dá-me cor

faz-me brilhar

amar e ser amada,

da lua feiticeira

adormeço e sonho.

Sou majestosa

morro de pé

mas enquanto viva

abraço muita vida

passarinhos e seus ninhos,

vários insectos,

e da minha sombra

resguardo humanos

cansados, velhinhos

doces e inocentes enamorados

soninho de meninos

e por momentos, poucos que sejam

alívio aos mais apressados.

Dizem que sou parada

que não faço nada

mas depois de tanta agitação

digam lá, ou não

senão sou precisa.

Posso ser gorda

acarrancada

nua e desolada

forte em meu esplendor

alimento, fruto e flor

posso ser recente

nova, velha, centenária.

Testemunho a vida a nascer

crescer e morrer

ultrapassando gerações

e se houvesse homens de bons corações

fogo não me largavam

à construção desenfreada me poupavam

ao abate não me condenavam.

Meu Seus, só agora entendo

ao sonhar acordada

e na pele de uma arvore

que sem elas

não somos nada!

Alexa

Alexa Wolf
Enviado por Alexa Wolf em 26/08/2008
Código do texto: T1146212
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