me vejo sozinho
me vejo sozinho
solto num vazio
e em volta um silencio
um tenebroso silencio frio
que penetra meus ouvidos
confunde os meus sentidos
vago nessa solidão
quase toco nas estrelas
que parecem um chão
as luzes não me cegam
posso ve-las
são milhares, são milhões
incontaveis
perco o controle da minhas sensações
que se misturam em medo e prazer
não vejo pessoas
são vultos
são muitos
flutuam
dançam
posso perceber sorrisos
gargalhadas
passam por mim
como se me atravessassem
consigo sentir
meus sentidos são novos
desconhecidos
de repente os vultos me cercam
parecem amigos
murmuram palavras confusas
abro os meus olhos devagar
é uma multidão
em volta da mesa
já consigo ver com clareza
reconheço o lugar
(acho que vou vomitar
preciso parar de beber)