Ó Morte Amiga
Não quero, em vão, ser atirado entre às chamas
Não como me vejo em meus macabros pesadelos
Quando eu morro, enfim, e me encontro na cama
Desperto do sono que traduz os meus desejos
Mas quero a morte tranquila como sempre desejei
A morte, que é minha amiga, a quem nunca temi
Quero a morte, que foi quem na vida eu tanto amei
A morte que é a paz, que eu quero desde que nasci
Quero - Ó morte amiga! - que me tire logo daqui
Pois sabe que não te evito, saber que não lhe culpo
Se vieres buscar mais um para viver contigo, aí
Saibas que lhe cedo meu corpo ao sepulcro
Não quero a morte suja, feia e desonesta
Podes me levar - Ó morte amiga! - numa noite bela
Regada a vinho, à música, sozinho em festa
Estarei, embriagado, em prontidão à tua espera
E espero, morte amiga, que não me abandones portanto
Pois sabes do meu amor por ti, sabes do meu encanto
Que a cada dia que passa e que eu aqui, sem ti, vivo
Me deprimo por saber que era melhor não ter nascido.
Porque já me tiraste várias vezes quem eu amava
Sei que aliviaste um sofrimento, mesmo que eu sofrendo
Por alguma vez lhe dirigi muito feio a palavra
Mas, tu sabes, que és quem eu mais espero e entendo
Sabes bem - Ó morte amiga! - que à noite sempre te lembro
Te escrevo, te desenho, te chamo e te desejo
Sabes que a cada gole do meu vinho que estendo
É dedicado à ti, é para que lembres do meu cortejo
E quero que venhas tão bela quando vieres me buscar
Quero desfrutar cada segundo da viagem ao teu lado
Se, por apenas poucos seguntos terei o direito de te abraçar
Quero que tal momento seja em mim, eternizado
A Lua, morte amiga, eu quero ver de mais perto um pouco
Desfrutar por alguns poucos segundos da tua beleza e encanto
Deixar claro à ela que eu não sou só mais um louco
Sou também dela amante, mas é de ti meu amor, morte, no entanto.
Quero a tua suave sensação, minha amiga morte
Quero a paz e quero a ternura como do sangue que sai do corte
Quero - Ó morte amiga - que me busque logo daqui
Quero a ti, morte amiga, desde o dia em que eu nasci.