INSPIRAÇÃO
Quero-te, virgem manhã de primavera
No desabrochar dos campos da Poesia.
Do hálito quente de tua fantasia
Dá-me o calor que minh’alma espera.
Quero-te, nas madrugadas tresnoitadas,
Ao meu lado, regurgitando o pensamento,
A dizer do riso, do amor, do sofrimento,
A falar da mágoa, da dor, da paixão, do nada.
Quero-te, estrela maior e pouco vista,
Clareando o chão que piso incerto,
A me encher o peito e, por fim liberto,
Entender a luz que a alma avista.
Quero-te, nos momentos que passarem,
Nos instantes bons que me ficarem,
Nos maus futuros que me vierem.
E no epílogo fatal que nos desdobra,
irei querer-te, ao findar-me a obra,
na cruz do epitáfio que me fizerem.