Pensar a orgia
Dionísio rompeu a noite.
Afogou de néctar as trevas em cristal de taças.
Encharcou as bacantes em vinho tinto e sangue.
Inflamou as estrelas ao delirio impertinente.
Atormentou Apolo de tantas canções indecentes.
E a noite praguejou despida.
A devassidão do transe sacudiu seios impudentes.
Enquanto Apolo recuado pensava,
Dionísio embriagado de tanta orgia,
Foi destroçado ao nascer do dia.