PUNHAL DO TEMPO
Foram-se os verdes anos,
A juventude cheia de festa,
De encantos...
O castelo, o príncipe encantado...
Lembranças fortes,
Reclusas aqui,
Nos versos que decanto!
O calendário inclemente
Conta as saudades,
Registrando lentamente
No filme da vida,
Uma película ultrapassada, vencida.
Hoje,
Sou apenas
Um retrato já desfigurado,
Fora de moda.
Sou o tempo que não vivi,
A timidez que não venci.
Sou um disfarce qualquer
Perambulando por aí.
Tenho machucaduras
Expostas aqui na alma.
Os sulcos por toda a face
Dos pedregulhos da estrada,
Do punhal que me apunhala.