[Por que não me Sonhaste?]
[À solta, na chegada da noite]
Ora, numa qualquer rua de agosto,
eu deambulava sem onde,
sem pouso para os pensamentos...
Estava à solta, e sonhava-me nu,
pois a expectativa da chegada da noite
acorda-me desejos...
A pátina da lua nas faces sôfregas,
nos objetos do quarto, nos lençóis;
aquele corpo sedento de meu corpo,
o sorriso transmutado em espasmos,
esgares, o rictus do prazer!
Como foi que não me sonhaste,
e me deixaste ir à solta?!
ora... teria sido mais fácil —
era antes de cair a noite...
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[Penas do Desterro, 22 de agosto de 2008]