Cortina Grega

Naquele palco enorme,

minha voz invade todos os cantos daquele teatro e do Teatro.

A cortina, veludo vermelho sangue,

se abre para que minhas distintas retinas deslumbrem-se

com os horizontes verticais de tragédia e luz.

Luz...

Imaterialmente sóbria

imponente mãe de idéias

imponente e celeste

azul...

A cortina grega do palco gigante-lácteo

é tímida.

É fato fátuo.

É carne tingida de sonhos.

Uma cortina.

Ainda fechada, grande parede carmim.

Quando aberta, Grande Dama dos destinos.

E o teatro se enfeita de tulipas e gente.

O Teatro é o nosso grande universo,

ainda que longínquo,

ainda que gentil...

Os atores nus,

corpos contorcidos em falas e emoções,

desesperam-se dantescamante quando a Grande Dama se fecha.

Gritam com os olhos embotados de almas salgadas

enquanto suas mãos desfalecem pelo medo do abandono.

Mas a Grande Dama se abre,

abrirá sempre,

para que os corpos nus possam ser Duncan,

para que possam ser Gregos,

para que possam ser Rodrigues,

para que possam ser o teatro,

para que possam ser O Teatro: O Grande Deus.

O Grande Deus protegido pela Grande Dama.

A cortina grega triunfa,

carmim e sangue.

Em êxtase, o mundo aplaude.

Fecha-se o pano...

Silêncio.

Valdson Tolentino Filho
Enviado por Valdson Tolentino Filho em 22/08/2008
Reeditado em 22/08/2008
Código do texto: T1140605