Camarim
Depois do espetáculo denso
Do brilhante no vestido
Da grandiosidade da noite
As cortinas se fecham
O figurino é destroçado
O cenário desmontado
E as luzes se apagam enfim
Sobra só o cheiro da maquiagem no rosto
O rastro do rímel que desce
Mais negro que a dor da atriz
Carimbando seu busto com lágrima
E tinta
Uma desgraça risível
Daquela que se pinta
E sai a dissimular sua tragédia recôndita
É tudo cômico demais quando se morre
E as pessoas ainda aplaudem
E bradam em tom uníssono e claro:
Bravo!!!