Muro

Mirei meus olhos de ontem

no retrovisor

Chuviscavam fraquezas

vendo o vôo das borboletas

amputadas

insistiam em encarar o falso

suplicando rações de verdade

como salário do mês trabalhado

Ainda não sabem que nem sempre haverá pão

na padaria suja da esquina

Nem sempre unhas vermelhas

Nem sempre cabides de lamento

Eram ampulhetas viciadas

em crer no infinito

e não viam importância

em distinguir diferença

e indiferença.

Pois sangra da mesma maneira.

Meus olhos de ontem eram restos

que precisava enfrentar.

Como eram nojentos os meus olhos de ontem!