Florescências

Vivo agora esses tempos secos...

Galhos sem nenhuma folha.

Nua de sensações verdes,

Dormência...

Sem serventia para abrigar pássaros,

Presa fácil dos ventos de agosto,

Conivente com a aridez da paisagem,

Parte dela...

Assim descoberta, permaneço,

Á mercê dos vendavais,

Quebrando e retorcendo os galhos.

Paisagem triste, outonal refrega,

A amarelar sentimentos,

A derrubar florescências temporãs,

Sem nenhuma seiva que as alimente.

Ali permaneço esperando,

Que as chuvas voltem, criadeiras,

Para rebrotar de mansinho,

Galho a galho,

Ponteando de verde claro,

A umidade fecunda das seivas.

Ali permaneço ávida,

Dos cuidados do jardineiro:

Toques carinhosos de mãos,

Que sabem como cuidar-me

Aduba, afofa, revira a terra;

Tapete aconchegante e fértil,

Que fará crescer,

Flores coloridas e perfumadas,

Para enfeitar o frescor dos dias;

Frondosa árvore onde ele,

Poderá enfim colher,

Os doces frutos do amor.

Pena,

O jardineiro não vem!

Das chuvas, nenhum sinal!

Só o vento assobiando,

Sibilante som de espantar nuvens,

Cinzento céu de prenunciar tormentas...

Escuro véu nessas horas lentas.

Paula
Enviado por Paula em 21/08/2008
Código do texto: T1138466
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