Florescências
Vivo agora esses tempos secos...
Galhos sem nenhuma folha.
Nua de sensações verdes,
Dormência...
Sem serventia para abrigar pássaros,
Presa fácil dos ventos de agosto,
Conivente com a aridez da paisagem,
Parte dela...
Assim descoberta, permaneço,
Á mercê dos vendavais,
Quebrando e retorcendo os galhos.
Paisagem triste, outonal refrega,
A amarelar sentimentos,
A derrubar florescências temporãs,
Sem nenhuma seiva que as alimente.
Ali permaneço esperando,
Que as chuvas voltem, criadeiras,
Para rebrotar de mansinho,
Galho a galho,
Ponteando de verde claro,
A umidade fecunda das seivas.
Ali permaneço ávida,
Dos cuidados do jardineiro:
Toques carinhosos de mãos,
Que sabem como cuidar-me
Aduba, afofa, revira a terra;
Tapete aconchegante e fértil,
Que fará crescer,
Flores coloridas e perfumadas,
Para enfeitar o frescor dos dias;
Frondosa árvore onde ele,
Poderá enfim colher,
Os doces frutos do amor.
Pena,
O jardineiro não vem!
Das chuvas, nenhum sinal!
Só o vento assobiando,
Sibilante som de espantar nuvens,
Cinzento céu de prenunciar tormentas...
Escuro véu nessas horas lentas.