LADRA DE LETRAS

LADRA DE LETRAS

Mademoiselle Jabuticabeira,

Frutas em Botão,

À beira da janela do meu quarto,

Mademoiselle assustada com meus

Atrevidos beijos a colher aromas.

Mademoiselle Jabuticabeira,

Deitado em meu recolhimento de leituras,

Sorvo o seu sabor,

Todo o ambiente recende o perfume de suas alvas flores,

Mademoiselle, essência da vida,

Ladra de letras, de livros, dos meus rabiscos,

Despertadora das paixões da carne e do espírito.

À tardezinha, amoroso,

Estendo os meus braços para recolher os jogos de figuras,

De sombras e luzes, provindos de suas pequenas folhas,

colorindo em preto e branco as paredes,

Os móveis, a minha cama, e brincando eroticamente sobre meu corpo, Mademoiselle bailarina.

Belo belo belo o dourado dos seus cabelos emaranhados,

Minha namorada!

Risca as trevas das minhas memórias,

Ilumina a minha consciência,

Mademoiselle namoradeira!

Escuto a natureza,

E assisto a sexualidade primitiva, vegetal,

os múltiplos partos, as suas dores, das suas flores em frutos,

Mademoiselle Jabuticabeira,

Minha doce parideira.

Não adormeço enquanto a claridade da janela não se extingue,

Minha meiga Mademoiselle.

Sinta o meu amor proclamado,

Há nele tantos desejos,

Tantas vibrações das minhas emoções mais ocultas,

Vindas lá das profundezas do meu ser, do meu bem-querer.

Ah, Mademoiselle,

devoradora da minha existência,

Mademoiselle de frutas suculentas,

É preciso que eu lhe diga tudo

o que está escrito em meu coração,

Frutas em Botão.

Ah! Amorosa das Flores Alvas,

Junto a você, dadivosa amante, indolente é a minha consciência do tempo e do ser,

Fecho os olhos e sinto a sua macia sombra a acariciar o meu rosto,

E aspiro o perfume úmido

Do delírio-paixão entre nós.

Prof. Dr. Sílvio Medeiros

Campinas, é inverno de 2008.