EIS A QUESTÃO

Eu não sei o que pode ser.
Eu não sei o que se espera.
Procuro sempre conhecer-me
e o silêncio perturbador e latente
traz consigo as luzes do inverno,
que colorem outra primavera.

Não sei de onde veio a mentira
quando a outra voz é quem cala.
Os mundos onde contudo, eu mergulho,
dentro de mim, no que ainda vasculho;
são como um túnel que assusta,
ecoando no escuro a mesma fala.

A distância que descamba em mim
perde o que não consigo entender.
É como correr depois do vento,
insuflando um contentamento
mantendo a medida das coisas
que nunca irão acontecer.

Num mar onde eu me afogo,
não sei por que ainda fico.
O ar que agora sufoca,
naquela reação já provoca
as dores que nunca explico.

Sangue da velha ferida,
fogo de dolorosa queimadura.
Minha pergunta sem resposta,
razão que de mim desgosta,
pranteando essa amargura.

Pura insensatez,
desfazendo a lucidez.
Doença que não tem cura.




26/03/2019
Terça-feira
22h33


 
MORGANA CANTARELLI
Enviado por MORGANA CANTARELLI em 19/08/2008
Reeditado em 26/03/2019
Código do texto: T1135669
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