O Fim da Mata Atlântica
O F I M D A M A TA A T L Â N T I C A
Floresta de Mata Atlântica, o que fizeram com você?
Na Floresta, flor não resta.
A Mata, o mato matou.
A Atlântica perdeu-se na lenda
E na imensidão que margeia o seu Oceano.
O que fizeram com tua bela vegetação?
Quanto mais o tempo passa,
Muito mais ela vegeta e muito menos tem ação.
Sua flora não mais aflora,
Seu fim está claro e parece que não demora,
Restam apenas 7% do que foi outrora.
Suas plantas nativas que ainda não se extinguiram,
Estão sumindo rapidamente por causa da degradação,
Ou simplesmente saindo por aí afora.
E nessa lamentável situação
As exóticas são muito mais comuns agora.
Floresta de Mata Atlântica, toda natureza chora.
Nas escarpas das Serras afloram rochas roxas e cinzas.
Rochas roxas de agonia e tristeza,
Pois não vêm mais suas belezas.
Rochas cinzas das intempéries do tempo
E das fuligens das queimadas de seus troncos,
Que são trazidas pelo vento.
Floresta de Mata Atlântica, o que fizeram com você?
A vegetação vai e a montanha cai.
O capim cresce e a floresta empobrece.
Quanto mais pedra aparece,
Mais seu patrimônio natural padece,
E toda a natureza se entristece.
Floresta de Mata Atlântica, o que fizeram com você?
Seus rios de águas claras e transparentes,
Hoje já secaram ou estão doentes.
As águas claras ficaram vermelhas,
Pois o seu solo barrento, que lhe servia de assento,
Agora está entregue ao tempo e ao vento
E cai sobre os rios tornando-os lamacentos.
Floresta de Mata Atlântica, o que fizeram com você?
Sua fauna, outrora rica e diversificada,
Hoje está pobre e muito dizimada.
Não sobrou praticamente nada,
Dos seus residentes mais nobres.
Os Primatas são os que mais sofrem.
O Bugio, esse quase sumiu.
O Sagui e o Muriqui, hoje são raros
E já não são vistos mais aqui.
O Sauá há muito não aparece por cá.
O Prego foi exterminado pelo caçador cego.
E hoje, talvez, faça parte das gorduras,
Desses homens sem coração e sem ternura,
Que viveram às custas de suas capturas.
Os mico-leões, seus mais velhos anciões,
São meras recordações do que aqui já viveu.
Até o seu homem nativo,
O índio primitivo que aqui morava,
Há muito tempo desapareceu.
Os outros Mamíferos não tiveram sorte melhor.
A capivara hoje é rara.
Veado - campeiro está de mal a pior.
Cachorro - do - mato já sucumbiu.
Tamanduá e a preguiça, nunca mais se viu.
Onça - preta ou pintada há muito não é encontrada.
Onça - parda (Suçuarana), maracajá e Jaguatirica,
Ainda podem ser vistas, mas em áreas muito restritas.
Anta, Lobo - guará e Tatu,
Assim como Paca e Cateto ou Queixada,
Não existe mais nadica de nada.
Ariranha e Lontra são tão raras no local,
Que parecem estar no declínio final.
A exterminação e a extinção dos Mamíferos,
Como se vê, é quase total.
As Aves, hoje também não cantam mais.
Talvez, há alguns anos atrás,
Ainda fosse possível ouvir, o canto do Bem - te - vi.
Mas, certamente, ele já não canta mais aqui.
Araponga já não grita e Cotovia não assobia.
Gaviões, Maritacas, Sabiás...
E as demais Aves perecem a cada dia.
Então, já não há alegrias para esses animais.
Os outros bichos que restam,
Como tudo mais na floresta, estão desaparecendo.
Floresta de Mata Atlântica é triste ter que dizer,
Mas na falta de você, seus bichos que não têm onde viver,
Assim também estão morrendo.
Floresta de Mata Atlântica, o que fizeram com você?
Você que atravessava o país de Norte a Sul.
Que margeava esse imenso Atlântico Azul
Que vivenciou o Descobrimento e as Invasões.
Que proporcionou conhecidas tramas e paixões.
Você que foi o palco das mais belas estórias,
Infelizmente, querida e bela floresta,
Seu fim está próximo e só restam suas escórias.
Floresta de Mata Atlântica,
Lamentavelmente, como homem que sou,
Pertenço à espécie que lhe destrói.
E peço desculpas porque lhe fazemos sofrer.
Porém, se isso lhe servir de consolo,
Lembro a você e aos meus pares tolos,
Que por causa de sua morte,
Muitos de nós humanos, senão todos,
Também poderemos morrer.
LUIZ EDUARDO CORRÊA LIMA