Quem Vai Ler?

Eu quero escrever,

mas escrever o quê?

Não sei, de novo as palavras

fogem de mim,

me deixam só,

puro dó.

Remexem os versos vazios,

calou no peito o reflexo

do teu olhar sol.

Rubrou o peito

o jogo do teu ir e vir.

E vou jogando na linha, nas linhas

frases, bases sem sentido.

Versionar sobre a falta de verso,

falta do que fazer,

ouço uma música,

pego algo pra ler.

Vou pra frente

do espelho mexer,

vou pra frente

do espelho

pra ver o que quero fazer.

Vou rabiscar no caderno

o que penso sobre ficar solta, à mercê

de comentários duros e hilários.

Quero sinos doirados

que soem sons doces.

Ah, se simples assim fosse...

Nem de longe uso conjugação verbal certa,

mas tenho licença poética

pra errar nos poemas...

Temas que procuro,

se perdem rápido demais,

além do quê, um mistério vem prender a atenção,

figura-se tensão super preocupada

em não virar emoção.

Só cordialidade...

Quanta desatenção!

...

E no vai-e-vem de uma conversa,

a mente dispersa

frases soltas, que por razão de se acharem livres,

são soltas,

são gotas à toa,

que pra nada, nem ninguém

dão satisfação.

...

Ocasião que semeia

no ser questões,

as quais entram nos ouvidos como sermões...

Escreveu o chão palavras que viraram árvores,

e folhas, e galhos, e sombras.

Eu quero escrever,

mas escrever o quê?

E escrever pra quem ver?

Quem é que vai dispor tempo pra ler?

Sandra Vaz de Faria
Enviado por Sandra Vaz de Faria em 18/08/2008
Código do texto: T1134309
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