AFIADOS
há sempre uma faca afiada
cravada entre os dentes
quando não lembrarmos
em algum momento
da palavra que feriu a pele
por rasgar do verbo,
desafiando os dois anos
[e alguns trocados]
do amor
sem beijos comuns.
há sempre uma faca amolada
pelo esmeril da língua
quando não calamos
em nenhum momento
a palavra que feriu os sossegos
de todas as faces do perdão,
quando, em nome da faca,
vestimos o carinho com uma raiva
[absurda]
pela primeira vez, em dois anos
[e alguns trocados]
de vida em comum...
uma faca sem vermelhidão,
amanhã, irá saber sem questionar
[da interrogação]
qual de nós, primeiro, dormiu só
quando dos nossos corpos separados.