O JACARANDÁ
Ontem, ele ainda estava lá...
Reinando em seu “reinado”,
O majestoso Jacarandá.
Ontem, ele ainda estava lá...
Eu vi. Todos o viram em seu lugar,
Reinando o seu reinado
De magnitude e graça,
Que durou - não sei os anos...
Em Piabetá, na velha e querida praça!
Parecia a mesma árvore de sempre:
Sempre bela, imponente,
A desafiar da vida... os ventos,
Como pássaros em vôos rasos, lentos.
Alheia, indiferente completamente
Às vicissitudes dos donos
Ou à crueldade do progresso humano.
Desempenha apenas o seu papel:
De ser manto, ao receber a chuva do céu;
De ser abrigo, e abrigar da vida os sonhos;
De ser amiga e escutar os segredos,
Descobertos em suas sombras, como altar!
Sem receios, sem medos,
Nas noites lindas de luar...
Hoje, ouvi. Todos ouviram
Aqueles terríveis toques compassados,
Do impiedoso machado a lhe ferir.
Desesperado, o Jacarandá
Solta no ar, angustiantes gemidos
Que tantos não puderam ouvir!
Abafados ao seu redor
Pelos ruídos fortes, renitentes
Das máquinas e ferramentas-
Mensageiras do Progresso,
Que antes da próxima Primavera, chegam
E fazem do seu passado,
Um etéreo e saudoso presente,
Tão vivo na memória da gente!
(Singela homenagem ao jacarandá de mais de dois séculos cortado na praça de Piabetá-Magé, em 05/08/86).
Autora: Iraí Verdan
Magé, 16/08/2008.