os beijos revoam como asas
transportam lembranças
em noites nuas
pedras deitadas às águas
não pesam no coração
se as lançamos em voo
embora saibamos que ficam
desfeitas em areia que se move
parce que
le monde n’est pas fini
os poetas abalam-se às escuras
por verem desmedidamente claro
o seu olhar incomoda o mundo
que intenta estrangular-lhes a voz
estrondeiam
bombas
gritos
pedra contra pedra
desmedida insensatez.
os poetas arremessam a palavra
como se fora uma ave
que cai emplume no regaço
da mãe que chora
da terra desflorada
da vida desbaratada
da lágrima solta
mas o poema transporta
as lembranças de beijos
em dias de sol
mãos dadas
afáveis praias douradas
e ressuscita todas as formas de amor!