Amor infante
Dia cinzento.
Hoje chove
e as gotas desfiguram minha face
como a água do mar sobre os castelos de areia.
Hoje é dia de andar cabisbaixo
e esquecer que o sol se esqueceu de brilhar.
Somente ofusca meus olhos
o irradiante sorriso que brota em teu rosto.
É um sorriso tátil e repentino.
É a estrada que quero percorrer.
Doces e amanteigados lábios;
carnes de meu tão profundo desejo.
Olhos. Olho teus olhos.
Vejo tua alma,
teu coração tão puro e pulsante.
Espelhos,
vejo-me neles;
tão soturno e demasiado amante.
Ouço tua música
e sinto teu gosto, teu cheiro.
Sonho tua pele
que é tão inóspito terreno que almejo descobrir.
Ó, dia interminável,
por que não a tive?
Quero-a,
ao menos hoje,
neste dia cinza.
Preciso da sua luz,
dos seus raios de sol
a pintar em minha face um arco-íris.
Findando o dia cinzento,
tocando em meu peito a sinfonia do amor infante.