TANTOS OS TANTOS
São tantos os momentos,
Que sempre ao relento
Se evaporam no ar.
São tantos os argumentos,
Que, mesmo os tendo,
Não adianta falar.
São tantos os perigos,
Que nem mesmo os prevenindo
Pode se resguardar.
São tantos os tantos
Que em gritos
E em prantos
Não adianta se firmar
Pois todos os tantos
Hão de te afogar.
São tantas as mágoas,
Que nem mesmo uma lágrima
Vale chorar.
São tantos os gritos,
Que teus ouvidos
O silêncio já não mais ouvem.
São tantos os risos,
Dos quais tantos fugiram
Prá na tristeza viverem.
São tantos os tantos
Que nem todas as rezas
Nem todos os santos
Conseguem contornar
Pois todos os tantos
Hão de te acabar.
São tantos os contos
Que não há mais tolos
Prá quem os contar
São tantas as piadas
Que, mesmo as engraçadas,
Nos fazem chorar.
São tantas as latas,
Que mesmo chutadas
Já não se fazem rolar.
São tantos os tantos
Que nem mesmo uma criança
Nem mesmo um canto
Conseguem amenizar
Pois todos os tantos
Hão de trapacear.
São tantas as crenças
Que nem mesmo a cerveja
Nos faz mais acreditar.
São tantos os tecos,
Que mesmo os botecos
Prá nada vão servir
São tantos os tantos que não há mais bobos
Aos quais se dirigir.
São tantos os tantos
Que, se sendo franco,
Se é jogado ao canto
Em meio a tanto
Sem mesmo um manto
Prá se cobrir.