TANTOS OS TANTOS

São tantos os momentos,

Que sempre ao relento

Se evaporam no ar.

São tantos os argumentos,

Que, mesmo os tendo,

Não adianta falar.

São tantos os perigos,

Que nem mesmo os prevenindo

Pode se resguardar.

São tantos os tantos

Que em gritos

E em prantos

Não adianta se firmar

Pois todos os tantos

Hão de te afogar.

São tantas as mágoas,

Que nem mesmo uma lágrima

Vale chorar.

São tantos os gritos,

Que teus ouvidos

O silêncio já não mais ouvem.

São tantos os risos,

Dos quais tantos fugiram

Prá na tristeza viverem.

São tantos os tantos

Que nem todas as rezas

Nem todos os santos

Conseguem contornar

Pois todos os tantos

Hão de te acabar.

São tantos os contos

Que não há mais tolos

Prá quem os contar

São tantas as piadas

Que, mesmo as engraçadas,

Nos fazem chorar.

São tantas as latas,

Que mesmo chutadas

Já não se fazem rolar.

São tantos os tantos

Que nem mesmo uma criança

Nem mesmo um canto

Conseguem amenizar

Pois todos os tantos

Hão de trapacear.

São tantas as crenças

Que nem mesmo a cerveja

Nos faz mais acreditar.

São tantos os tecos,

Que mesmo os botecos

Prá nada vão servir

São tantos os tantos que não há mais bobos

Aos quais se dirigir.

São tantos os tantos

Que, se sendo franco,

Se é jogado ao canto

Em meio a tanto

Sem mesmo um manto

Prá se cobrir.

CARREIRA
Enviado por CARREIRA em 15/08/2008
Código do texto: T1130218
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