Quero de volta....

Quero de volta a grama verde em frente a casa,

E quem nela se deitava para estender os braços a me abrigar.

No côncavo de seu peito eu me divertia,

O pomo de Adão saliente, motivo de risadas.

Seu cheiro vovô, eu não esqueço,

Cheiro de amor, de bem querer.

De madrugada, acordar com o som alto do rádio.

Recados, propagandas, música do sertão,

Misturavam-se no meu sono,

Que por fim era vencido.

A proximidade no fogão de lenha,

Aquecia o frio do mês de julho.

Subir na cerca do curral,

E em meio ao reclamo dos bezerros e mugido das vacas,

Estender o copo e recebê-lo de volta,

Espumando com o alimento roubado do filhote.

Andar pelas colinas, subir nas árvores,

E lá sentada em seus galhos,

Pés balançando no ar,

Comer goiaba, chupar manga.

Nos jardins flores variadas,

Colhidas no capricho,

Para serem colocadas ao pé do cruzeiro.

Ao longe você aparecia,

Figura esguia no cavalo,

Voltava dos campos num trote tranqüilo.

E seu olhar para mim,

Era o olhar tranqüilo, olhar conformado,

Aceitação, aconchego.

Quero de volta...