Prosas
Olhando os olhos parados,
Quantas lágrimas silenciadas!
Olhando as páginas dormidas,
Quantas histórias mal contadas!
Ouvindo os passos da morte,
A despedida sorri meio sem jeito.
Abrindo a janela da noite,
O sol dá as costas pra lua.
Quando a poesia é alimento pra vida,
O papel é o diário do verso!
E se o clarão é o que cega meus olhos,
Quebro a luz pra ouvir o silêncio.
Cada espaço solto,
Cada passo mudo,
Mudo o compasso do destino,
Mudo a fala do silêncio,
Silencio o mundo todo.
Cada voz ouvida,
Cada ouvido disperso,
Peço atenção em vão;
E lá se vão as pegadas,
Pegando o chão sujo.
Cada verso sem rima,
Em cima de outro verso,
É o inverso do verso de cima,
É o anverso do verso de trás.
Cada ato da peça da dúvida
Duvida da própria vida,
Mente descaradamente
Em frente ao espelho.
Parto, em risos, à busca de outros sonhos...
Maiores, imensuráveis,
Como se fossem alimento pro meu corpo,
Como se fossem a própria cura.
Cada gota de suor no rosto
Faz-me digerir meus leões;
Molha-me o sorriso
E me devolve todos os dias
As curas para minhas chagas,
A poesia para minhas prosas!