Prosas

Olhando os olhos parados,

Quantas lágrimas silenciadas!

Olhando as páginas dormidas,

Quantas histórias mal contadas!

Ouvindo os passos da morte,

A despedida sorri meio sem jeito.

Abrindo a janela da noite,

O sol dá as costas pra lua.

Quando a poesia é alimento pra vida,

O papel é o diário do verso!

E se o clarão é o que cega meus olhos,

Quebro a luz pra ouvir o silêncio.

Cada espaço solto,

Cada passo mudo,

Mudo o compasso do destino,

Mudo a fala do silêncio,

Silencio o mundo todo.

Cada voz ouvida,

Cada ouvido disperso,

Peço atenção em vão;

E lá se vão as pegadas,

Pegando o chão sujo.

Cada verso sem rima,

Em cima de outro verso,

É o inverso do verso de cima,

É o anverso do verso de trás.

Cada ato da peça da dúvida

Duvida da própria vida,

Mente descaradamente

Em frente ao espelho.

Parto, em risos, à busca de outros sonhos...

Maiores, imensuráveis,

Como se fossem alimento pro meu corpo,

Como se fossem a própria cura.

Cada gota de suor no rosto

Faz-me digerir meus leões;

Molha-me o sorriso

E me devolve todos os dias

As curas para minhas chagas,

A poesia para minhas prosas!

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 14/08/2008
Código do texto: T1128316
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