ANOITECEU
Dorme a vila sob o véu da noite.
O piado do caburé é cantiga de ninar.
O uivo dos cães não e menos sonolento,
o escuro é parcial, por culpa do luar.
Um grilo desocupado inicia uma serenata.
Os sapos na lagoa sem demora aderiram.
os vagalumes de supetão não perderam a vitrine,
cintilantes e piscando pela noite a coloriram.
Sem cessar vem de longe a batida do monjolo.
O vento sopra ruídoso a folha de um coqueiro.
Perturbando um gato gordo de um olhar luminoso,
que dormitava preguiçoso na porta do galinheiro.
Numa grota uma fonte fria jorrava em murmúrio.
Balançava secas folhas irrequieta uma toupeira.
O frio veio trazendo o sereno da madrugada,
E transformando a mata numa grande geladeira.
Na casa do joão de barro? tudo quietinho.
No pasto, em pé, um boi manso rumina.
esperando a chegada do dia que vem lento,
e na claridade do Astro Rei a noite termina.