Alimentei corvos e abutres

Alimentei corvos e abutres

E arrancaram meus olhos

Por muito tempo

Os alimentei

Se fizeram robustos

Cega!

Completamente cega!

Não existiam sons

Nem de asas

Nem grulhar

Eram adestrados

Os corvos e abutres

Se misturaram aos urubus

Imundos e vorazes

Quantos são!

E insaciáveis queriam,

Querem

Bicar, extirpar, devorar

As entranhas

Não contavam

Com a regeneração

Da visão

Que retornou

No tempo decidido

Por Ele maior

Pude ver!

Deixaram

Penas fétidas

De seus rastros!

Esvoaçam

Barulhentos

Escandalosos

Propagam suas vergonhas

Aos urros,

divulgam seus crimes

Sujos de alma

Negros de autoridade

Imundos de princípios

Quantos são!

Há tempos voando neste céu!

Encontraram suas carniças.

Querem os ossos!

A visão passada

retornou

Exacerbada

Memorial

Aguçada

Agora presente

Vejo o inferno

Arrancados serão

Os olhos

dos que pairam

nestas trevas

e sem pena,

penas,

não será permitida

a regeneração

Ana Maria Bruni
Enviado por Ana Maria Bruni em 13/08/2008
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