O REFÉM DAS LETRAS

Não é tão fácil explicar como se dá o meu processo criativo;

Não sendo necessariamente o que vivo, é um sentimento que nem sempre experimento;

Dor real de um surreal sofrimento, respostas que não passam por meu crivo;

É minha forma de abstrair o substantivo, é a fome de meu alimento!

Eu não escrevo ilações e nem conjugo leviandades;

Já passei daquela idade que faz da poesia uma página de diário;

Eu sou um presidiário, cujas letras são as suas grades;

Minhas mentiras no fundo são verdades, porque meu egoísmo é hilário!

A minha letra é tua voz e isso é tudo que sei dela;

Seja feia ou bela, a sua projeção jamais será mercantilista;

Tudo quanto ela avista, se limita à ambição debruçada em sua janela;

Ela é uma grande panela a cozer os afetos de sua negra lista!

O título de minha poesia sempre será despretensão;

Ela é porta-voz de meu coração e não a ressonância de outras vozes;

Já percebi que são velozes, quanto ao vento emprestam minha emoção;

Sua riqueza é a solidão e sua miséria são seus algozes!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 12/08/2008
Código do texto: T1124245
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