CORAGEM

Naquela masmorra úmida, negra e fria

por uma fresta despercebida,

um raio de sol se atrevia

e esgueirando-se convidava à vida.

Mostrava o outro lado do mundo,

aquele que não se via na parede.

Mas, que arrancava suspiros profundo

produzindo secura e insaciável sede.

O dia se mostrava vivo, iluminado.

O coração, ora definhando, ora aquecido

seguia compassando em ritmo alucinado

uma utopia, um sonho indeferido...

Mas eis que vinha a noite

e o raiozinho era assassinado

deixando o coração mordido,

rasgado, dilacerado e sangrando

naquele universo encardido.

Até que um dia, a noite se fez luz

e um coração aturdido

tentando fugir daquela cruz,

abraçado a força que o raio lhe empresta,

esgueira-se também por aquela

abertura modesta

e vai em busca do sonho agradecido.

O mundo pode até não ser uma festa,

nem tão pouco sempre colorido.

Mas, uma certeza se manifesta:

Pra conseguir ser feliz e ver o sol brilhar,

há que se enfrentar o desconhecido,

esquecendo o medo e sabendo desde cedo,

depois de cada tombo se levantar...