Mendigos
O casal de mendigos
segue de mãos dadas.
São misérias atadas
num surreal conto de fadas.
Dirão que é tolice invejar-lhes.
Sentem fome, frio e abandono.
Porém . . .
Que nada possuem,
que são feios e imundos.
E no entanto . . .
Vejo-os de mãos dadas.
Talvez se amem.
Talvez só se aqueçam.
Talvez só se esqueçam.
Assistem a vida comum.
A pressa de qualquer um
e compartilham o jejum.
Terão descoberto o segredo da vida?
Que é um caminho só de ida?
Onde se sabe o dia da Partida,
mas não o da Despedida.
O que pensarão da Vida?
Descobriram que é uma Causa Perdida?
Uma fruta já espremida?
Ou nada saberão;
só esmolar?
E chamar a soleira da Igreja
de doce, amargo lar?