“O que há”
Não há mais versos, somente o avesso dessa poesia,
Não há mais sonhos, somente o que não existiu um dia
Nem tão pouco há desejos
Nem tão pouco ilusões
Um cigarro apagado beirando um cinzeiro
Um silêncio povoando o mundo inteiro
E um ser caído, acumulando desilusões
Não há mais nada a dizer que valha tanto
Não há mais aquele tudo que se fez pranto
Nem tão pouco há vontades
Nem tão pouco há certezas
Um lençol e um travesseiro na cama prendendo perfume
Um cheiro de corpos no quarto ardendo no lume
E na sala fria velas apagadas sobre a mesa
Não há mais nada que encante
Não há mais luz adiante
Nem tão pouco uma ponte
Nem tão pouco um caminho
Um coração se derramando, se desfazendo
Um eco torturando a razão dizendo
Que agora o que há... Sou eu sozinho
Varley Farias Rodrigues