Ruas e Poetas
Ruas
Escura noite trafega
Nos olhos do poeta,
Contramão de sonhos;
Vertigens atrás de frestas.
Ruas
Passam entre os versos,
Passeiam com palavras-pedestres,
Nas mãos do poeta..serestas;
Violão imaginário a tocar.
Ruas
Tuas e minhas,
Riqueza ou pobreza acesa,
Paisagem humana a destoar;
Poeta parafraseando as calçadas.
Ruas
Todas nuas,
Reclamam o tempo
Lama ou asfalto,
Lá o poeta está.
Ruas
Cruas...Imundas,
Acesas...límpidas,
São suas, são nossas;
O poeta as digere bem devagar.
Ruas
Portas, janelas e esquinas,
Falam, palpitam no peito
O poeta absorve, engole;
Escreve sem roteiro.
Ruas,
Poetas,
São telespectadores;
Vidas transeuntes,
Versos perdigueiros.